O investimento do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran) em ações para redução de acidentes e promoção de um trânsito seguro, nos últimos quatro anos, vem gerando resultados positivos. De 2015 a 2017, Alagoas registrou uma queda de 29,5% no número de mortes em acidentes de trânsito. Foram preservadas 569 vidas neste período, de acordo com o Instituto Médico Legal (IML).
Além de salvar vidas, a diminuição dos acidentes de trânsito poupou cerca de R$ 240 milhões aos cofres públicos, que seriam gastos no atendimento às vítimas pelos dois principais hospitais públicos do estado, o Hospital Geral do Estado (HGE) e pela Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly (UEDH), conhecida como UE do Agreste. A estimativa de economia resulta de levantamento realizado pelo Detran com base na metodologia de análise utilizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A redução de acidentes com vítimas mortas vai na contramão do crescimento da frota de veículos, que foi de 15,8% de 2015 a 2017, o que equivale a quase 108 mil veículos a mais circulando nas ruas e estradas de Alagoas. A queda é fruto, entre outras ações, da Operação Lei Seca, que inibe o consumo de álcool pelos condutores.
Do início das operações Lei Seca, em 2011, até o ano de 2017, o estado registrou uma queda de 74,5% no índice de mortalidade por acidentes de trânsito. Os indicadores são do Instituto Médico Legal (IML) e do Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac), gerenciador de informações oficiais da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP). Já a frota de veículos cresceu 55,6% entre 2011 e 2017, passando de 507.027 para 789.096 veículos em circulação.
Os levantamentos apontam que, no ano de 2011, a estimativa era 17 mortos a cada 10.000 veículos em todo o estado. Já no ano passado, esse número despencou para sete. De 2011 até 2017, Alagoas conseguiu preservar a vida de 699 pessoas.
Índices hospitalares
Dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mostram a redução na entrada de vítimas de acidentes envolvendo transportes terrestres nos principais hospitais públicos do estado: a Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly (UEDH), a chamada UE do Agreste, e o Hospital Geral do Estado (HGE). A redução é percebida desde o início da gestão Renan Filho, em 2015, e se estende até os números mais recentes de 2018.
Na UE do Agreste, a baixa no atendimento dessas vítimas foi de 15%, contabilizando em torno de 5.700 pessoas a menos no hospital. No que diz respeito ao HGE, esse número é ainda maior – chega a 35% e demonstra que cerca de 12.000 pessoas foram poupadas do atendimento hospitalar, o que equivale a um ano inteiro de vítimas acolhidas.
Economia de R$ 20 milhões no DPVAT
A diminuição nessas taxas, além de minimizar os transtornos na vida das famílias, também economiza recursos públicos. Segundo o Detran de Alagoas, cerca de R$240 milhões foram poupados em decorrência da redução da entrada de vítimas de trânsito no HGE e na EU do Agreste.
Análise realizada em parceria com a subchefia de Serviço Social do Detran, responsável pelo DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), mais conhecido como Seguro Obrigatório, indica uma economia de aproximadamente R$ 20 milhões em consequência da redução no número de mortos ou de vítimas de invalidez permanente.
O chefe de Segurança no Trânsito do Detran, Antônio Monteiro, afirma que o órgão vem buscando ampliar o estudo da economia com resgate, reabilitação, perda de capacidade produtiva e peso no sistema de Previdência Social. De acordo com Monteiro, esses setores são fortemente afetados pelo grande número de vítimas de trânsito e o Estado pode economizar ainda mais com a expansão de ações de segurança no trânsito, principalmente nos municípios do interior.
Ações de preservação
Para Antônio Monteiro, os números são um reflexo de iniciativas integradas com outras instituições públicas. “Fizemos parcerias com SMTTs, prefeituras, Secretaria de Saúde, Conselho de Segurança e Conselho Estadual de Trânsito, grandes aliados na delimitação de regras e ações para tornar o trânsito mais seguro”, afirma.
Além disso, ele destaca a colaboração de instituições de ensino como a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) na identificação e análise das principais causas de acidentes no trânsito alagoano.
“Com a base científica, você tem o direcionamento para poder acionar políticas públicas com planejamento e baseadas em dados reais e qualificados, envolvendo fiscalização, educação, engenharia”, explica.
Monteiro ainda reforça a necessidade de propor um diálogo sobre a educação no trânsito adequado ao público-alvo. “O maior causador de acidentes é o jovem de 16 a 29 anos, então é preciso estar presente nas mídias sociais e estabelecer uma linguagem que ele entenda. Aí você consegue uma mudança de comportamento”, analisa.
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